Você conhece o seu lugar?
Ontem eu fiquei até bem tarde assistindo televisão. Normalmente não assisto TV, mas como tô sem internet, acaba sendo o jeito assistir os canais da NET mesmo (com o perdão do trocadilho)... As oportunidades para uma reflexão nos surgem das mais variadas formas e é muito provável que se estivesse com internet não assistisse ontem ao debate na TV UFAM (Universidade Federal do Amazonas) que só me chamou a atenção pela presença do poeta Thiago de Melo - o autor do famoso poema Os Estatutos do Homem.
O poeta, um amazonense de Barreirinha, município do interior do estado, viajou o mundo na época da ditadura, período no qual esteve preso duas vezes, lutando pela instauração de uma sociaedade mais justa e igualitária. Foi amigo íntimo de Pablo Neruda, trabalhou com Allende no Chile e com o golpe de Pinochet foi parar na Alemanha, como professor de Literatura da América Latina.
Pois foi justamente partindo da sua experiência ao travar conhecimento com os alunos alemães que Thiago de Melo trouxe um alerta para a comunidade científica da UFAM. "Os cientistas estrangeiros sabem mais da amazônia que nós." E contou como os alemães encheram ele de perguntas das quais ele sequer imaginava a resposta. Gostaria de lembrar quais eram as perguntas, porque eu também não sabia as respostas.
Imediatamente fiz o link com um conto do Milton Hatoum que li no domingo, sobre um japonês que sonhava conhecer o Rio Negro, o maior afluente do Rio Amazonas. A narradora, uma pesquisadora da UFAM, teria acompanhado o cientista na sua primeira viagem pelo Negro e se impressionara com o conhecimento do japonês sobre o lugar e em determinado momento chega a afirmar que parecia mais uma viagem de reconhecimento, de tanto que ele sabia os nomes e as informações técnicas sobre o lugar.
O debate era para a comunidade científica, mas bem que o alerta do poeta e de Hatoum podem servir para todos nós. Como podemos defender um patrimônio que desconhecemos completamente? Estamos falando da Amazônia, mas também podemos incluir nesse pacote o cerrado, o Pantanal e o que restou da Mata Atlântica. Porque é um patrimônio natural nosso, uma riqueza cada vez mais escassa no mundo e que não está sendo aproveitada, aliás, está cada vez mais ameaçada pelo nosso modelo de desenvolvimento, pelas pessoas que agem na ilegalidade (madeireiros, grileiros) e talvez por outras ameças que desconheço no momento.
Ano passado li uma esclarecedora (pelo menos para mim) matéria sobre a Mata Atlântica na National Geographic, pois nela havia um dado que desconhecia: o período de maior desmatamento nela não foi no período colonial - com a exportação de pau-brasil, cana-de-açúcar -, nem no império, mas no século XX!
A mesma coisa está acontecendo com a selva amazônica. Estão querendo aprovar a construção de estradas, hidrelétricas e demais demandas do desenvolvimento sustentado sem o devido estudo do impacto ambiental e, com certeza, sem pensar na vida das pessoas que moram na floresta e tiram dela seu sustento, incluindo-se aí as nações indígenas.
O poeta, um amazonense de Barreirinha, município do interior do estado, viajou o mundo na época da ditadura, período no qual esteve preso duas vezes, lutando pela instauração de uma sociaedade mais justa e igualitária. Foi amigo íntimo de Pablo Neruda, trabalhou com Allende no Chile e com o golpe de Pinochet foi parar na Alemanha, como professor de Literatura da América Latina.
Pois foi justamente partindo da sua experiência ao travar conhecimento com os alunos alemães que Thiago de Melo trouxe um alerta para a comunidade científica da UFAM. "Os cientistas estrangeiros sabem mais da amazônia que nós." E contou como os alemães encheram ele de perguntas das quais ele sequer imaginava a resposta. Gostaria de lembrar quais eram as perguntas, porque eu também não sabia as respostas.
Imediatamente fiz o link com um conto do Milton Hatoum que li no domingo, sobre um japonês que sonhava conhecer o Rio Negro, o maior afluente do Rio Amazonas. A narradora, uma pesquisadora da UFAM, teria acompanhado o cientista na sua primeira viagem pelo Negro e se impressionara com o conhecimento do japonês sobre o lugar e em determinado momento chega a afirmar que parecia mais uma viagem de reconhecimento, de tanto que ele sabia os nomes e as informações técnicas sobre o lugar.
O debate era para a comunidade científica, mas bem que o alerta do poeta e de Hatoum podem servir para todos nós. Como podemos defender um patrimônio que desconhecemos completamente? Estamos falando da Amazônia, mas também podemos incluir nesse pacote o cerrado, o Pantanal e o que restou da Mata Atlântica. Porque é um patrimônio natural nosso, uma riqueza cada vez mais escassa no mundo e que não está sendo aproveitada, aliás, está cada vez mais ameaçada pelo nosso modelo de desenvolvimento, pelas pessoas que agem na ilegalidade (madeireiros, grileiros) e talvez por outras ameças que desconheço no momento.
Ano passado li uma esclarecedora (pelo menos para mim) matéria sobre a Mata Atlântica na National Geographic, pois nela havia um dado que desconhecia: o período de maior desmatamento nela não foi no período colonial - com a exportação de pau-brasil, cana-de-açúcar -, nem no império, mas no século XX!
A mesma coisa está acontecendo com a selva amazônica. Estão querendo aprovar a construção de estradas, hidrelétricas e demais demandas do desenvolvimento sustentado sem o devido estudo do impacto ambiental e, com certeza, sem pensar na vida das pessoas que moram na floresta e tiram dela seu sustento, incluindo-se aí as nações indígenas.
Por isso se faz necessário que nós, cidadãos comuns, também estejamos a par do que estão fazendo do nosso patrimônio natural os nossos congressistas, os nossos governantes, pois das decisões deles depende o futuro da floresta, do cerrado, e talvez, da vida. Assim, se algum dia você tiver condições de viajar pra outro país ou travar conhecimento por aqui mesmo com um estrangeiro, poderá se sair melhor do que Thiago de Melo à época de sua estada na Alemanha.
Agora me deu vontade de ter visto a entrevista *-*
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