A insustentável leveza do ser
Sim, sim, esse é o nome do livro do Milan Kundera. Aliás, livro maravilhoso! Comecei a ler no fim-de-semana e não consigo largar. Veio a calhar com o meu momento. Providência divina? Destino? Sei não. Acho que as coisas estão sempre ligadas. Sempre com algum propósito misterioso.
A vida tem um jeito estranho de nos levar pra onde ela quer. Aliás, vou já criar um post falando sobre isso, que é outro assunto. Vim aqui, agora, pra postar um texto meu que já postei no blog antigo, pois o texto do Kundera me lembrou muito ele. Aí vai:
Um caminho
Ele caminhava: mãos no bolso, cabelo ao vento, cheio de uma liberdade tão plena que chegava a oprimir (porque a liberdade pode ser tormenta para quem não a conquista com luta, suor e sangue). Caminhava, passos lentos, reflexivos como ele todo. Caminhava e era como se não estivesse ali, como se pisar o chão fosse uma opção, como se viver na Terra ou em outra galáxia fosse nada mais que uma opção, tal era a dimensão da liberdade que o aplacava. As pessoas passavam ao seu lado, poderiam tocar nele, embora ele estivesse intocável, invisível, embora ele não estivesse ali. Mas havia o caminho, os olhos voltados para os mundos possíveis, as mãos desenhando precisas na tela do espaço vazio o esboço dos projetos que fazia sem o compromisso da realização. (Aliás, o compromisso era o que mais temia e o que teria o poder de contaminar o sabor da liberdade que ora experimentava.) Caminhava, e a leveza com que caminhava era a finalidade do caminho, um ato gratuito que se permitia e o peso de um simples pensar em compromisso poderia desfazer as frágeis nuvens de leveza que o cobriam. Caminhava, simplesmente, passos no caminho que não levava a um destino.
(Até que a liberdade se tornasse novamente apenas o sabor de uma lembrança e um ideal a ser alcançado.)
Um caminho
Ele caminhava: mãos no bolso, cabelo ao vento, cheio de uma liberdade tão plena que chegava a oprimir (porque a liberdade pode ser tormenta para quem não a conquista com luta, suor e sangue). Caminhava, passos lentos, reflexivos como ele todo. Caminhava e era como se não estivesse ali, como se pisar o chão fosse uma opção, como se viver na Terra ou em outra galáxia fosse nada mais que uma opção, tal era a dimensão da liberdade que o aplacava. As pessoas passavam ao seu lado, poderiam tocar nele, embora ele estivesse intocável, invisível, embora ele não estivesse ali. Mas havia o caminho, os olhos voltados para os mundos possíveis, as mãos desenhando precisas na tela do espaço vazio o esboço dos projetos que fazia sem o compromisso da realização. (Aliás, o compromisso era o que mais temia e o que teria o poder de contaminar o sabor da liberdade que ora experimentava.) Caminhava, e a leveza com que caminhava era a finalidade do caminho, um ato gratuito que se permitia e o peso de um simples pensar em compromisso poderia desfazer as frágeis nuvens de leveza que o cobriam. Caminhava, simplesmente, passos no caminho que não levava a um destino.
(Até que a liberdade se tornasse novamente apenas o sabor de uma lembrança e um ideal a ser alcançado.)
Partes importantes: "Mas HAVIA o caminho..." "...a LEVEZA com que caminhava era a FINALIDADE do caminho..."
ResponderExcluirEi, o caminho existe quando a gente passa!
Então.. novas estradas?
:) A minha compainha terás sempre!
Amo vc!
Adorei o texto maninho...
ResponderExcluirA liberdade pode ser algo muito complexo quando se busca sem nem ao menos saber o certo o queé a tal "liberdade".
Beijo...
Perfeito o título deste post.
ResponderExcluirÉ isso.
beijo, meu querido.
Gostei muito, Carlos. Não li o livro, mas deve ser bom mesmo - como muitos falam. Intenso.
ResponderExcluir:)
Abraço, moço!