O dia em que eu dei mole e perdi um tesouro - BEDA - 5º dia
Olá, pessoas!! Tudo bem com
vocês? Essa história de posts diários no blog está acabando por me fazer sentir
à vontade até demais aqui. Felizmente eu só escrevo, porque se fosse um vlog,
por exemplo, era capaz eu gravar sem camisa ou só de cueca, por exemplo hahaha.
Tenho mais uma história pra
vocês hoje, mas preciso avisar logo de cara que ela não é divertida como as
outras. Na verdade, é bem triste, um dos dias que ficaram marcados para sempre
na minha memória, pela tristeza que senti, pelas lágrimas que chorei. Estão
autorizados a fazer uma pausa para buscar um lenço, é possível que precisem.
Acho que todo mundo aqui já
teve algum objeto de grande valor sentimental. Peço que agora parem um instante
e lembrem-se dele neste momento com toda a riqueza de detalhes. Se ainda o
tiver, tome-o nas mãos antes de continuar a leitura. É essencial para que
possam me compreender.
A história se passou quando
eu tinha em torno de 5 anos. Eu era uma alegre criança que adorava estar na
casa da minha avó, como a grande maioria das crianças. No meu caso, o bom é que
a casa da vovó ficava a apenas 5 quadras da minha e a gente vivia lá. Além de
ser a casa da vovó, lá tinha outro grande diferencial em relação à minha casa
na época – lá tinha um quintal que eu adorava desbravar.
(Sinto que estou enrolando
para não me encontrar de novo com toda aquela angústia.)
Pois bem, vamos ao que
interessa. Estava eu lá desbravando o quintal da vovó como das outras vezes,
até que em um dado momento eu fui até a cozinha, talvez para beber água, e vi
aquela coisa linda que me encheu os olhos. Não sei bem, talvez desde aquela
época o verde e o vermelho já eram das minhas cores prediletas. E ela tinha as
duas cores juntas! Que perfeito, não? Desejei-a no mesmo instante que a vi. Minha
avó, deixou lá de lado e eu a peguei e voltei correndo para o quintal com meu
tesouro. Era uma caixinha de coadores de papel Melitta vazia.
Sei, é capaz de vocês não
levarem a sério de agora em diante, por isso peço que pensem no seu objeto mais
querido do universo e ponham no lugar da minha caixinha vermelha e verde. Como
ia dizendo, voltei para o quintal e já inventei mil brincadeiras com ela. Ora
era uma nave, ora um barco, trouxe até meus bonecos pra passear na minha
caixinha. Ela me fez tão feliz!
Aí aconteceu de eu ir para
dentro de casa fazer alguma coisa. Imagino que minha mãe tenha chamado para o
lanche ou algo do tipo. Sei que fui e deixei minha caixinha com os brinquedos
lá fora. Nunca vou me perdoar por isso. Não poderia tê-la deixado assim,
desprotegida. Os tesouros, nós os guardamos no lugar mais seguro. Mas eu era
jovem demais pra saber.
Minha avó foi limpar o
quintal. Recolheu as folhas que caíam das plantas dela e da goiabeira da
vizinha. Fez uma pequena fogueira para dar fim nelas. E viu aquela caixa no
quintal dando bobeira. Ela deve ter pensado que era lixo, coitada. Sei que ela
nunca faria por mal. Quando eu saí na porta, só vi o verde e vermelho já
misturado ao amarelo do fogo que já consumia boa parte do meu brinquedo
multiuso. Minha caixinha, meu tesouro estava virando cinzas.
Lembro nitidamente da
intensidade da tristeza que senti. Abri o berreiro na hora. Chorei, chorei,
chorei e ninguém entendia porque eu estava chorando. Era a minha caixinha
gente! Verde e vermelha... Tão linda!
Nessa tarde eu talvez tenha
sentido pela primeira vez o drama dessa vida, que primeiro nos dá algo para amarmos
tanto e depois tira abruptamente, sem que tenhamos nem a chance de nos
prepararmos para isso.
Minha caixinha da Melitta
ficou comigo por uma tarde da minha infância apenas, mas foi tudo tão intenso
que nunca mais a esqueci.
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