Ciência, Religião e suas respostas insatisfatórias para nossos dias

No meu antigo blog eu já havia postado sobre como é difícil se orientar no mundo de hoje, onde a religião já não consegue dar respostas satisfatórias aos nossos anseios,  e nem a ciência, apesar de tantos avanços no conhecimento de nós mesmos e do universo, a substituiu na criação de significados, como acreditavam muitas das melhores mentes pensantes do mundo no decorrer dos séculos XIX e XX. A verdade é que a ciência, sem prejuízo das muitas respostas já encontradas, suscitou um sem número de novas perguntas que não tem, nem terá tão cedo, a capacidade de responder por completo.

Esse artigo da Superinteressante, do qual transcrevo parte da introdução logo abaixo, me fez voltar a pensar no tema. Confiram; volto em seguida.


"Em 2003, um grupo de cientistas italianos (de onde mais?) constatou que comer pizza poderia prevenir alguns tipos de câncer do sistema digestivo. Para chegar a essa conclusão, examinaram 3 315 pessoas com a doença e as contrastaram com outros 5 mil indivíduos que não tinham câncer. Entre os saudáveis havia muito mais pessoas que comiam pizza do que no grupo dos doentes. De posse de dados tão conclusivos, publicaram os resultados no International Journal of Cancer. Quatro anos depois, um novo estudo, feito por cientistas chineses, constatou que uma dieta rica em proteína animal (que inclui a boa e velha mussarela das pizzas) aumenta em até 50% o risco de câncer no sistema digestivo. Para chegar a essa conclusão, pegaram 1 204 mulheres com o tumor e as compararam com 1 212 outras saudáveis. As saudáveis comiam menos proteína animal (ou seja, queijo) do que as doentes. Adivinhe o que fizeram então os chineses? De posse de dados tão conclusivos, publicaram os resultados no International Journal of Cancer. Mas e aí, aquela pizzada evita ou estimula o câncer? O que esses estudos nos dizem sobre o hábito de comer pizza?


Na realidade, os estudos não nos ensinam nada sobre pizza - mas muito sobre ciência.(...)" 

(artigo completo aqui)

O artigo segue afirmando que não só é possível como bastante comum que pesquisas realizadas com o rigor científico cheguem a resultados opostos. Conforme a reportagem, em uma das tentativas de se quantificar a ocorrência de problemas do tipo chegou-se ao assombroso percentual de 50%. Ou seja, acreditar no resultado de boa parte das pesquisas científicas é quase um ato de fé. Quase aquela história de copo metade cheio ou metade vazio. Paradoxal, não acham?

Por outro lado, contra os prognósticos de alguns dos entusiastas da filosofia e ciência modernas, as religiões continuam com força neste início de século, apesar de terem perdido terreno. Estima-se que somente 14% da população mundial seja sem religião, dos quais 4% sejam ateus e os demais pratiquem algum tipo de espiritualidade individualmente. Ou seja, a maioria absoluta dos seres humanos continua recorrendo à religião como principal maneira de entender o mundo e de se situar nele. Entretanto, mesmo entre os religiosos há uma faixa considerável de fiéis que não segue a doutrina da sua religião, preferindo decidir individualmente quais dogmas seguir e quais não. Assim, vemos, por exemplo, católicos que se utilizam de métodos anticoncepcionais, como a camisinha e pílulas, ou que praticam o sexo antes do casamento, mas sem renunciar às demais práticas de sua igreja. Isso porque as mudanças culturais e comportamentais ocorrem de forma bastante dinâmica ao longo da história, diferentemente do que ocorre com os dogmas religiosos, baseados nas verdades incontestáveis contidas nos seus livros sagrados.

Diante dessa incapacidade da ciência e da religião em dar respostas às necessidades práticas e atuais do ser humano, achar uma identidade e criar uma cadeia de significados que justifique uma determinada forma de encarar  e viver a vida tem se tornado cada vez mais difícil para quem quer fazê-lo não apenas como uma miscelânea de verdades convenientes, mas com honestidade intelectual e espiritual.



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