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Mostrando postagens com o rótulo crônicas

Sentir demais ou de menos

Estou ansioso e já não sei o porquê. Antes, quando pouco sabia e não tinha ciência do tamanho da minha ignorância, apenas achava que essa angústia era por sentir demais, sensibilidade de artista que capta tudo como antena, trazendo para si todas as dores do mundo. Lembro-me de ter escrito muitas coisas na tentativa de exorcizar meus demônios interiores, textos que infelizmente acabei perdendo, mas algumas frases dessa época ainda ecoam na minha mente, entre estas uma que falava exatamente desse excesso de sentimento que me faria morrer um dia do coração. Cheguei a imaginar tão vivamente que tive a sensação nítida das batidas do meu coração se tornando pouco a pouco mais fortes, mais fortes, e mais ainda até chegar ao ponto em que ele não suportou mais e explodiu. - Morreu de que? - O coração explodiu! Morreu de tanto sentir... Seria uma hipótese descabida? Não sei. Mas, de certa forma, me embevecia a possibilidade de uma morte poética, ainda que acompanhada de sofrimento. Oco

Retorno (mais um)

Esses dias estava dando uma olhada nos textos do blog. É algo que faço pelo menos uma vez no ano. Leio porque gosto de verdade de algumas das coisas que escrevi aqui; às vezes, também, por curiosidade para saber como pensava há 5 ou 10 anos atrás. Para ver quanto mudei e quanto ainda ficou daquele tempo.   Percebo um tanto de dor e melancolia nos poemas, embora tenha alguns bem leves. Nas crônicas um pouco mais de otimismo e de sonho, embora tenham algumas de alerta. Não raro me surpreendo com a qualidade de alguns dos textos e penso comigo mesmo: “não lembrava de ter escrito isso; eu posso escrever muito bem quando me permito, hein?”. Não por vaidade boba, nem por nada, só porque aprendi a reconhecer qualidades em mim com o tempo, porque nem sempre fui bom nisso. Quase nunca, na verdade. O ciclo é sempre esse: leio, acho bom, me pergunto por que parei de escrever e faço o propósito de voltar a escrever com frequência. “Pelo menos uma vez por semana”. Como se fosse fácil voltar ass

Vidas possíveis

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Novamente o velho dilema entre fazer o que quero e o que é preciso. Minha mente é naturalmente dispersa e meus interesses, ditados pela minha grande curiosidade a respeito de tudo, mudam com rapidez comparável a possibilidade de clicar em links sugeridos quando se navega pela internet. Mas não é só na internet que meus interesses me fazem ficar horas entre filmes, notícias, humor, esportes, etc. Sempre fui assim, mesmo antes de conhecer esse fabuloso labirinto virtual. Eu sempre fiquei dividido entre várias opções por achar que todas tinham um grau aceitável de validade, mas sem saber a qual dar prioridade. Passando da pura divagação às experiências ou possibilidades reais, eu sempre me mantive meio que num limbo do qual minha vida poderia me levar para qualquer lugar. Eu sentia, por exemplo, que minha vida poderia ser ligada de alguma forma ao futebol, meu esporte preferido e minha paixão desde que me lembro. Pensava que se treinasse bastante, havia boas possibilidades de me

A arte do encontro

O eterno poetinha Vinícius de Moraes dizia que a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida e eu concordo plenamente. Uma primeira implicação de se ver a vida assim é que, sendo uma arte, ela exige de nós muita criatividade, um toque muito pessoal, um jeito só nosso de promover tal encontro. Mesmo partindo do princípio de que somos seres sociais e é a sociedade na qual estamos inseridos que vai determinar boa parte dos nossos comportamentos no trato com o outro, sabemos se apenas seguimos regras de uma etiqueta qualquer, podemos ser considerados seres que sabem se comportar nos espaços públicos com adequação, mas o encontro verdadeiro, aquele no qual duas almas se reconhecem, seja na amizade, seja no amor, esse aí pede muito mais. Pede empenho e liberdade de artista. O artista é aquele que cria, que vê algo novo onde ninguém mais viu, ou naquilo que todo mundo via, mas de maneira automatizada, sem atribuir significado ou valor nascido de sua subjetividade

Nomes engraçados

Oi, gentes!! Olha eu na maior cara dura já furando no segundo dia de BEDA (risos). Tive um domingo massa, cheio de coisas desde o acordar até a hora do sono, então não deu mesmo pra vir. Vou tentar compensá-los de alguma forma até o fim do mês. Vamos ao texto de hoje. Você já reparou em como os nomes e sobrenomes podem ser engraçados? Sim, sempre tem alguém fazendo piadas com sobrenomes, sobretudo em tempos de shows de comédia standup e piadinhas enviadas pelas redes sociais. Talvez até você mesmo já tenha feito piadas com os nomes de amigos ou colegas da escola e do trabalho. Mesmo assim vou me arriscar a fazer uma gracinha com o tema. Alguns nomes já são a piada pronta. Pense nas pessoas com sobrenome Pinto, por exemplo. Você que tem o sobrenome Pinto, tem que ter muito cuidado na hora de escolher o sobrenome dos filhos, senão pode sair algo como João Pinto Brochado. Esse pode ficar traumatizado pra sempre com o nome e já ter dificuldades com ereção desde o dia no qual passa

BEDA 2015 - parte 2: a missão!

E aí, pessoas queridas!! Ó aqui eu de novo na maior cara de pau depois de mais uma promessa de escrever mais descumprida! Hahaha Ontem a namorada perguntou por que eu não escrevia mais. Eu dei algumas razões possíveis, mas a verdade é que nem eu sei o porquê. Escrever é algo que eu realmente gosto de fazer, mas alguma coisa faz com que eu não dedique mais tempo a essa atividade. Talvez a melhor explicação seja que escrever está quase sempre em último lugar na minha lista de prioridades – e talvez nem seja prioridade alguma. E porque escrever dá trabalho: é preciso pensar, escolher as palavras certas, tentar antecipar algumas possíveis reações do leitor e fazer com que as palavras externem o mais fielmente possível aquilo que projetamos para o texto. Além disso, a boa prática de escrita exige do escritor para com seu texto ler, revisar, reescrever, reler e reescrever de novo até que ele fique sem erros e sem ambiguidades não planejadas. Agora imagina fazer tudo isso depois de t

Sobre o crescimento da intolerância no Brasil atual

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Está rolando um vídeo na internet comparando a reação geral aos petistas ao que ocorria os judeus na Alemanha nazista. O argumento é de que, como a propaganda nazista culpava os judeus de todas as mazelas da Alemanha à época, faz-se hoje com o petismo no Brasil. A comparação talvez seja um pouco exagerada, mas não chega a ser absurda. É preciso ter pensamento crítico pra saber que a corrupção, infelizmente, não é propriedade de um único partido, e nem a honestidade. Não existe essa divisão artificial entre nós os bonzinhos e eles os maus que devem ser eliminados para que o bem vença. Quando colocamos as coisas dessa maneira a história nos ensina que costuma não terminar bem (mas quanto hoje se dá importância ao que a história ensina?). Ao ver o nível de intolerância que toma conta das redes sociais hoje, e que muitas vezes se reflete fora dela, eu me lembro de um trecho do artigo "Uma guerra civil não é uma guerra, é uma doença", escrito por Antoine de Saint-Exupéry sobre

Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo...

 Se o mundo é mesmo  Parecido com o que vejo  Prefiro acreditar  No mundo do meu jeito Esse trecho de Eu era um lobisomem juvenil , da Leigião Urbana, foi durante muito tempo minha frase preferida. Como vocês podem ver no meu post anterior, o meu despertar para o mundo ao passar da infância para a adolescência foi um choque profundo nas crenças que tinha como verdadeiras e universais, os princípios e valores cristãos que minha família havia me ensinado desde a mais tenra idade. Acreditava profundamente no amor e no bem e, na minha inocência, acreditava que o bem era a regra e o mal era um desvio, a exceção. Como Rousseau, acreditava que os homens nasciam bons e eram corrompidos pela sociedade - pelo "mundo", usando o vocabulário cristão. Quando eu comecei a ver que não era bem assim que a banda tocava, eu me vi perdido e sem direção, sem saber como fazer para conciliar a minha crença com o que via na realidade.  Eu era naquela época uma pessoa muito mais empática

Minha terapia

Hoje eu tive um dia particularmente difícil, depois de precisar resolver alguns problemas pessoais e também de receber uma resposta negativa para algo que estava aguardando.  Então eu fui jogar futebol e, normalmente, só de correr, suar, chutar a bola, já é possível descarregar bastante a tensão. Com certeza o destino sabia que hoje eu precisava de um pouco mais e eu fiz não um, não dois, mas três golaços chutando forte no ângulo - além de mais um roubando a bola do goleiro. Como disse a uma amiga, esses 3 gols fizeram mais por mim hoje do que fariam 3 meses de terapia. Mulheres, favor não implicar com o futebol dos maridos. Se vocês soubessem o bem que isso faz, o estresse que tira... Aliás, o que equivale ao futebol dos amigos no mundo feminino?  Outra coisa que costuma me desestressar é cantar. Quando tudo está desabando eu pego meu violão, vou para um canto e fico ali cantando a plenos pulmões até as coisas amenizarem. E como faz bem, também! Se nada disso der certo ai

“Há tantos caminhos, tantas portas, mas somente um tem coração”

Seguir um caminho próprio, um caminho que só eu posso seguir porque só eu sei o que vai aqui dentro. Se você já leu a citação de Nietcszhe aqui ao lado, sabe quanto o tema me é caro. Também já postei aqui o texto da Clarice Se eu fosse eu , que acho absolutamente incrível. Vezes sem conta na vida me peguei pensando no que eu faria se eu fosse eu. E aí eu entro em contradição, porque também tomei como uma das verdades da vida que somos sempre o melhor que podemos ser em cada momento.  Mas se é assim, posso me perguntar como seria se eu fosse eu ? É sem dúvida um problema complexo, e se torna ainda mais quando pensamos que o que somos é também uma colcha de retalhos das pessoas que nos ajudaram a formar a nossa personalidade. Eu sou aqueles que amo e, em certa medida, aqueles que detesto, porque esses também me ajudam a delimitar quem eu quero ser quando me mostram quem não quero ser. Dito de outro modo, eu assumo para minha vida o que vejo de melhor nas pessoas que amo ou admiro, d

“Aos donos da casa, peço licença para jongar”* - BEDA - 9º dia

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Em fevereiro deste ano estive no Rio de Janeiro numa viagem curtinha de apenas 5 dias, mas o suficiente para conhecer o Jongo da Lapa. Mas já estou me adiantando. Deixem-me contar essa minha experiência com o jongo mais detalhadamente, como é meu costume (risos).  Resolvi fazer a viagem ao Rio assim sem muito planejamento, como a maioria das coisas acontece na minha vida. Tinha férias marcadas para a segunda quinzena de fevereiro e foi só no início do mês que achei passagens relativamente baratas (porque passagem de avião barata de verdade em Manaus é coisa rara) para a época das férias. Só deu tempo de avisar a minha amiga Cláudia Nathália  Nega que ia e pedir algumas dicas a ela de passeios e hospedagem. Ela me indicou a Lapa porque fica perto do trabalho dela e assim ficaria mais fácil de nos encontrarmos, e eu aceitei de pronto por já conhecer a fama de lugar da boemia no Rio. Mas quando aceitei, pensava nos bares da Lapa, não imaginava que iria encontrar algo ainda mais inter

Ódio ou amor? - BEDA - 8º dia

Eu não consigo entender quem opta pelo preconceito e pelo ódio como horizonte de vida e passa os dias na internet procurando alguém para discutir, xingar e difamar. Não consigo compreender porque alguém entra numa torcida organizada e se junta a outros torcedores com a intenção de puxar briga com quem torce por um time rival sem nenhuma outra razão aparente. Não consigo sequer imaginar o que se passa na cabeça de quem se junta com “amigos” para espancar alguém por ser mendigo, prostituta, gay. São exemplos de violência gratuita e totalmente desnecessária, mas infelizmente tão comuns em nossos dias. Eu, que optei desde muito cedo pelo amor, só posso imaginar que essas pessoas desconhecem-no completamente. Amar é tão mais simples e gostoso. Tem suas dificuldades, às vezes é preciso perdoar e pedir perdão, mas nada que se compare ao sacrifício de carregar o peso de tantas mágoas. E ainda tem a recompensa de ver a felicidade no rosto do outro, que quase sempre a gera em nosso in

Do meu desejo de entender - BEDA - 7º dia

Desde que me entendo por gente tenho um grande desejo de entender. Aí vocês me perguntam – e com razão – o que, Carlos? Tudo. Tudo? Sim, tudo! Tudinho de tudão? Isso mesmo, tudinho de tudão! Não sei se isso se dá com todo mundo em algum nível, mas comigo sempre aconteceu de ficar me perguntando sobre a vida, sua origem, o porquê de estar aqui, para onde vamos. Em outras palavras: Quem sou? De onde vim? Onde estou? Para onde vou? As mesmas perguntas que continuarão sendo feitas enquanto existir um ser humano pensante na face da Terra. Lembro-me de na adolescência algumas vezes pensar no que era o mundo antes da criação divina. Eu tinha aprendido desde a infância que Deus tinha criado o mundo em 7 dias, mas não me contentava com isso. Quem era Deus? O que existia antes de Ele resolver criar o mundo? O Nada? O que e como era o Nada? E ficava tentando imaginar como seria o Nada absoluto de antes da criação. Alguém já fez esse exercício? Eu tentava imaginar o Nada

O dia em que eu dei mole e perdi um tesouro - BEDA - 5º dia

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Olá, pessoas!! Tudo bem com vocês? Essa história de posts diários no blog está acabando por me fazer sentir à vontade até demais aqui. Felizmente eu só escrevo, porque se fosse um vlog, por exemplo, era capaz eu gravar sem camisa ou só de cueca, por exemplo hahaha. Tenho mais uma história pra vocês hoje, mas preciso avisar logo de cara que ela não é divertida como as outras. Na verdade, é bem triste, um dos dias que ficaram marcados para sempre na minha memória, pela tristeza que senti, pelas lágrimas que chorei. Estão autorizados a fazer uma pausa para buscar um lenço, é possível que precisem. Acho que todo mundo aqui já teve algum objeto de grande valor sentimental. Peço que agora parem um instante e lembrem-se dele neste momento com toda a riqueza de detalhes. Se ainda o tiver, tome-o nas mãos antes de continuar a leitura. É essencial para que possam me compreender. A história se passou quando eu tinha em torno de 5 anos. Eu era uma alegre criança que adora

Aniversário - BEDA - 4° dia

Boa noite, pessoas queridas que estão acompanhando o meu BEDA! Estamos chegando ao 4° dia, olha que graça! A primeira meta desse ano é superar os 7 dias da primeira e única vez que tentei participar, que foi em 2013. Mandem energias! Deixa eu aproveitar que estou aqui de bobeira e sozinho no aniversário da minha amiga da faculdade e tentar escrever um pouco. E o tema é, advinhem!? Aniversário! Ooooh! rs Eu devo confessar que sou uma anta quando o assunto é aniversário. A começar pelo básico: lembrar as datas. É muito sério isso, não lembro nem o meu antes de alguém me dar parabéns. É possível que alguns dos meus amigos que hoje não falam mais comigo tenham passado a não falar depois de não serem parabenizados no seu aniversário. Isso só me ocorreu agora, mas faz muito sentido. Felizmente a vida moderna trouxe alguns recursos para ajudar os desmemoriados como eu. Vezes sem conta os lembretes do Facebook me salvaram de perder mais amigos. Mas aí tem aquele amigo que perto do

Uma aventura com a minha banda de pagode - BEDA - 3º dia

Olá, pessoas!!! Chegamos ao terceiro dia do desafio. Hoje quase usei meu coringa aqui, um poema meio ácido que escrevi há algum tempo e deixei amadurecendo na gaveta... até o fim do mês eu posto. Mas vamos ao que interessa. Juro que estou tentando em trazer um tema mais útil aqui pra esses escritos, mas por enquanto vocês terão que ficar mesmo com minhas histórias. Espero que estejam achando interessantes. Continuando nesse ritmo, ao fim do mês vocês saberão todas as minhas 10 histórias legais e eu não vou ter mais assunto pra conversar pessoalmente quando encontra-los (risos). Os 5 gatos pingados que acompanham esse blog sabem que eu já toquei numa banda de pagode. Contei uma história dessa época aqui  (clique no aqui pra ler, vale à pena) e hoje contarei outra boa – ou pelo menos eu acho boa. Não lembro se eu disse da outra vez, mas o nome da banda era Swing do Samba. Original, né? Parabéns pra nós rsrs. Quando se passou essa história que vou contar hoje, nós já estávamo

Academia - BEDA - Dia 2

Olá, pessoas!  Olha eu aqui para o meu segundo dia do BEDA! Uêba!! Palmas pra mim! Hahaha Afinal não era só mentira de 1º de abril e estou aqui de novo. É que resolvi adotar um lema, como o só por hoje dos alcóolicos anônimos, ou o por hoje não dos católicos, só que no meu caso é por hoje sim (ou só por hoje ) eu vou escrever. É aos pouquinhos que a gente vence um grande desafio, não é mesmo? (risos) Pessoas, voltei para a academia em março (falei pra vocês que acabaria virando um diário). Falo “voltei” como se tivesse grande familiaridade com academias, né?  Como se tivesse treinado com alguma frequência algum dia na vida... mas não é nada disso. Pra ser mais exato, eu tentei outras 3 vezes começar a fazer academia, mas nunca passava do primeiro mês. Primeiro porque eu me sentia ridículo carregando pesos de 3, 4, 5 kg na frente de um bando de marmanjo marombado que não levantava menos que 20 kg nos exercícios menos exigentes (tá, talvez eu esteja exagerando um pouquinho, mas