As horas - BEDA - 6º dia
Há uma hora que é escura como
uma estrela que se apaga no meio de uma constelação.
Há uma hora que é vazia como
o lugar na mesa de alguém que já se foi.
Nessa hora, os seres inanimados
gritam alto o que não queremos escutar.
Nessa hora, os sentidos da
vida se ofertam às nossas mãos, mas acabam escapando feito água por entre os
dedos.
E então como que escurece do
lado de dentro também, como se houvesse ficado só o lugar e nosso eu
tivesse se ido.
Hora perigosa na qual podemos
nos perder para sempre nesse labirinto chamado vida.
Mas esta hora fatídica passa,
como passam todas as horas. É da natureza delas se irem e levarem um pouco de nós consigo a cada instante.
Até sabe-se lá que abismo nos
consuma.
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