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BEDA #3 - Em pleno século XXI

É sem dúvidas inadmissível que algumas coisas aconteçam ainda hoje, apesar de todo conhecimento acumulado acerca de nós mesmos e do mundo onde vivemos, o que, pelo menos em tese, deveria nos transformar em seres mais civilizados. Em vez disso, abominações como racismo, machismo, xenofobia, intolerância religiosa, enfim, toda essa variedade de discriminações e preconceitos ainda subsistem com força nesse início de século. Eu estou de plano acordo com todos que esbravejam contra essas atrocidades, abismados que elas existam ainda hoje. Apesar disso, cansei de ver em fóruns e debates pela internet gente usando como argumento a expressão “em pleno século XXI”, como se estar “em pleno século XXI” fosse condição única para sermos os melhores seres humanos de toda história. Cansei mesmo. Porque não faz o menor sentido para quem tem um mínimo de conhecimento de história. Esse discurso deriva, acredito, de uma interpretação equivocada da teoria da evolução de Darwin, segundo a qual

BEDA #2 - Pimpolho

Com o tempo a gente aprende muitas coisas e uma das mais importantes que aprendi é a rir de mim mesmo. A vida é dura, o caminho é árduo e o mundo hostil na maior parte do tempo, então não precisamos aumentar carga sobre nossos ombros com excesso de autocrítica e sentimentos de culpa exagerados. Erros acontecem e temos que aprender a nos perdoar para não viver pedindo desculpa por existir. Pessoas, embora pelo que escrevi até aqui possa parecer que este é um texto de autoajuda ou uma exibição de minha sabedoria adquirida ao longo dos meus vinte e poucos anos, não é. Eu só quis fazer essa breve introdução para mostrar porque não estou constrangido com o que vou lhes contar agora. OK, talvez haja até uma pontinha de constrangimento, mas nada que me impeça de rir de mim mesmo e de lhes oferecer a chance de rir junto comigo. Sem mais embromação, confesso: já toquei em banda de pagode. Para alguns nem é novidade, mas, mesmo pra esses, só agora é que serão revelados alguns dos deta

Santo BEDA

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Vocês sabiam que Beda é o nome de um Doutor e santo da igreja católica? E que além disso é venerado na nas igrejas Anglicana, Ortodoxa oriental e Luterana? O Venerável Beda (672-735) foi um escritor prolífico e gastou seu latim versando sobre diversos temas, como gramática, história, música e (claro!) teologia. É considerado o pai da história inglesa e o primeiro historiador da Europa cristã. Oi? Não sabiam? É sério? Nem eu. Na verdade eu só descobri por acaso, pesquisando sobre outro BEDA, esse do qual eu desajeitadamente estou tentando participar agora. Trata-se do Blog Every Day in April, um desafio lançado aos blogueiros de publicar um texto em todos dias de abril, como o nome diz. Eu sei que hoje já é dia 5 e eu já perdi 4 dias, o que já me faz ter perdido o desafio mesmo antes de começar. Não faz mal, pontualidade nunca foi o meu forte. Além disso, não tem um juiz ou banca julgadora pra me condenar, desclassificar ou impedir de escrever no meu próprio blog. Desse m

O mundo é um moinho (proteja seus sonhos)

Então mais uma vez é fim de ano. Mais 365 presentes foram desembrulhados por cada um de nós e aproveitados da melhor maneira. Sim, apesar de tudo, cheguei à conclusão que oferecemos ao mundo sempre aquilo que temos de melhor, agimos sempre com o melhor de nós, querendo acertar, mesmo que depois cheguemos à conclusão de que algumas de nossas escolhas foram equivocadas. E esses finais e recomeços são propícios para avaliarmos se o que fizemos está de acordo com quem somos e queremos ser, para ver o que vamos levar pela vida e o que vamos deixar no caminho. Sim, o título é uma alusão à música do Cartola "preste atenção o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos tão mesquinhos". Me peguei pensando nessas palavras porque nesse fim de ano notei o quanto fui abandonando boa parte dos meus sonhos - que nem eram mesquinhos. Sobretudo ao rever coisas que escrevi e lembrando de planos que fiz há 5 ou 10 anos. Foi triste, ver que fui deixando me deixando vergar sob o peso desse moi

A desconhecida

Há uma luz que se define ambiguamente em teu olhar. Em meu voyeurismo exasperado, escondo-me atrás das colunas que sustentam minha fortaleza e vejo-te passar nos arredores onde há um bosque virgem, de beleza que não se espelha em minh’alma, e que é fonte das suas descobertas pueris. Às vezes, abandono a segurança dos meus altos muros e vou ao bosque sozinho colher frutos, tocar as árvores, escalar para ver os filhotes nos ninhos. Nada me comove tanto, nada faz brilhar meus olhos como os seus, nas suas explorações. Pensei se você não é apenas um meu delírio esquizofrênico, alguém que só eu posso ver, parte de mim que se desgarrou por falta de espaço para se desenvolver. Um fantasma, uma fada, um anjo... quem é você? Está sempre só, sempre feliz, sempre exibindo um fulgor incondicional, quase lua, quase primavera, quase flor e quase estrela... Como consegue? Eu que sou guerra, sou pedra, gelo e espada; que corro, olhar fixo nos objetivos, desviado de qualquer coi

Se cada gota de chuva...

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Se cada gota de chuva que cai desce até o solo e nele se infiltra, alimentando raízes e chega ainda mais profundo em lençóis freáticos e, em cada poço, mata mais sede, Se cada sede que vai leva mais gente a beber águas de fontes, poços, rios, suco, cerveja, Se cada cerveja que sai do freezer ao balcão, às mesas, ao chão, Se em cada chão se cai de bêbado, de sede, de fome e depois se levanta para um novo porre, outro poço, nova ceia, Se ainda ceia houver para o faminto, Se ainda água houver para o sedento, Se ainda fome houver, para a ceia, Se ainda sede houver - mais chuva Bendita seja!

Um dia comum

Era um dia comum e Paulo voltava para casa depois de mais uma jornada de trabalho. Quarta-feira, 18h30min, início da noite. Nada mais comum que a volta para casa numa quarta-feira sem grandes acontecimentos. Paulo procurava na memória algum fato marcante, uma imagem, um diálogo, qualquer coisa que pudesse fazer daquela quarta-feira comum um dia diferente. Nem bom, nem ruim; diferente já bastava. Sabia que quando chegasse em casa, sua esposa estaria lhe esperando com um belo sorriso e com aqueles seus braços acolhedores. Sabia também que entre a sua chegada e a hora de dormir, ela lhe contaria as histórias do seu dia e lhe perguntaria o que aconteceu no dele. E ela sempre tinha histórias para contar; algum novo conhecido, alguma discussão, alguma coisa que viu na rua. Já ele muitas vezes se saia da obrigação de ter algo interessante para contar dizendo que teve um dia comum, nada de novo. No fundo, gostava da idéia de ter alguém para quem contar o seu dia. No fundo. Mas Paulo não er