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Os sinos

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É madrugada e os sinos tocam nos meus ouvidos . Assim, sublinhado, porque é só neles mesmo que os sinos tocam, pois não existem sinos nas redondezas. É só que resolvi escrever agora e de repente só ouço o som de sinos, sem a menor razão aparente. Seriam sinos celestiais? Sinos de morte? Sinos de vida? Sinos, em geral, são avisos de algo que vem , algo que começa, de que chegou o grande momento. Mas de que? de acordar? de viver? de encontrar Deus? Sinos bimbalham em meio ao silêncio, perturbando o sono que ainda não chegou. Alguém mais os ouve? Vizinhos, estais também em vigília, atentos ao sinal deste momento? E o natal já passou. Nem pode ser o sino-pequenino-sino-de-Belém. Já nasceu o Deus-menino, falta o nosso bem. Bimbalham, os sinos, bimbalham. E eu aqui, atento. A tempo? Pode já ter passado o sabe-se-lá-o-que os sinos vieram me mostrar. Ouço, agora, apenas o silêncio, traspassado pelos ruídos da noite. Geladeira, relógio, uivo de cães. Coração. Passou, definitivamente, o

Ciência, Religião e suas respostas insatisfatórias para nossos dias

No meu antigo blog eu já havia postado sobre como é difícil se orientar no mundo de hoje, onde a religião já não consegue dar respostas satisfatórias aos nossos anseios,  e nem a ciência, apesar de tantos avanços no conhecimento de nós mesmos e do universo, a substituiu na criação de significados, como acreditavam muitas das melhores mentes pensantes do mundo no decorrer dos séculos XIX e XX. A verdade é que a ciência, sem prejuízo das muitas respostas já encontradas, suscitou um sem número de novas perguntas que não tem, nem terá tão cedo, a capacidade de responder por completo. Esse artigo da Superinteressante, do qual transcrevo parte da introdução logo abaixo, me fez voltar a pensar no tema. Confiram; volto em seguida. "Em 2003, um grupo de cientistas italianos (de onde mais?) constatou que comer pizza poderia prevenir alguns tipos de câncer do sistema digestivo. Para chegar a essa conclusão, examinaram 3 315 pessoas com a doença e as contrastaram com outros 5 mil in

Lar

Caminhávamos em distraído êxtase de paixão. Sem perceber, atravessávamos os séculos contemplando nossos olhares, anos-luz, distâncias intangíveis, buracos negros e o encontro do meu olhar com o teu era o combustível, o caminho e a própria viagem. Lembro-me perfeitamente, embora às vezes duvide das minhas próprias lembranças, do dia em que nosso amor era tão forte, tão apaixonado e as nossas loucuras chegavam a grandes extremos. Enquanto caminhávamos a esmo – e era como se tudo fosse um grande jardim paradisíaco e nós os seus guardiões e principais habitantes – mergulhamos em um vulcão, você me puxando, eu fui sem hesitar, alcançamos o centro da Terra, incólumes por não saber do perigo de ser queimados, ou pela temperatura da nossa paixão estar acima da que fazia por lá. Éramos loucos, apaixonados loucos, redundância, eu sei, mas é para dar a noção mais próxima do que era o nosso amor. Sim, era. Foi. Já não é. Uma pena. Grande pena. *** Agora há pouco li uma lista dos luga

Quisera desfiar o tecido da vida

Quisera desfiar o tecido da vida e de cada pedaço de fio pulsante tirar o sumo, apenas - poesia latente E embriagar-me de tal bebida Como um bêbado bacante Para sair logo em seguida Mais feliz que toda gente Livre e leve na avenida

BEDA #7 - Perdemos tempo?

Lá pelos idos de 2002, quando eu era ainda um calouro na faculdade pouco habituado ao novo ritmo de estudos, ao fim de longas horas de estudo na biblioteca, escrevi um poema, uma reflexão sobre o tempo, que foi durante anos o meu predileto. Infelizmente eu acabei perdendo-o antes que eu entrasse na era digital e pudesse gravá-lo em algum arquivo de computador. Não me conformo com a perda, mas não há o que fazer a respeito. Enfim, só estou falando dele agora porque há um trecho simples do qual lembro perfeitamente e que sempre me dá um norte nos momentos de reflexão. Presenteio-vos com ele, para que o utilizem nas suas reflexões, se assim desejarem. "(...) Perdemos muito tempo... Mas nós perdemos o tempo? - O que perdemos é vida no tempo!  (...)"

BEDA #6 - A coragem de ser

Tempos atrás li uma crônica deliciosa da Clarice Lispector intitulada “Se eu fosse eu”. Transcrevo abaixo um trecho e volto em seguida: “Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão impressionada com a frase 'se eu fosse eu', que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir. E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser movida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida.” (Quem quiser ler na íntegra, pode aqui ) É uma provocação e tanto essa, não? De vez em quando me pego pensando, digo, sentindo como a Clarice. Se eu fosse eu... provavelmente se

BEDA #5 - Da minha preguiça de gente que não pensa

Eu geralmente sou um sonhador, cheio de esperanças de que as coisas vão ser melhores, mas, ultimamente, estou meio cansado desse mundo. Nem tenho mais vontade de entrar no facebook de tanta asneira que tenho visto as pessoas postando lá. E não estou falando de burrice no sentido usual que as pessoas costumam condenar, como tropeços na ortografia, por exemplo. Isso é no máximo um pouco desconfortável, mas passa sem maiores problemas. A pior burrice que se vê por lá é das pessoas que pensam ser inteligentes ou superiores de alguma forma, tentando argumentar sobre assuntos que não passaram pelo crivo da reflexão pessoal sequer por cinco minutos. Gente que decorou algumas frases do senso comum, um trecho da pregação do pastor ou padre, ou até mesmo uma citação que leu no próprio facebook e repete em todas as suas discussões como se fosse o argumento definitivo, aquele que não dá margem a nenhuma contra-argumentação. Outro dia, por exemplo, compartilhei um texto do Dráuzio Varela sob

Beda #4 - Meu sonho de canção

Meu sonho é compor uma canção. Poderia até compor outras canções depois, ou mesmo antes, mas meu sonho é com aquela única que teria o poder especial de acordar nas pessoas o que de melhor possuem, aquela essência que faz delas seres humanos plenos, cientes do que querem no mundo e do que precisam fazer para serem felizes. Ao ouvi-la, as pessoas se dariam conta de que o amor é a resposta, o caminho, a ponte entre o eu e o outro, aquilo que pode nos trazer a paz e a felicidade. Uma canção poderosa, que soaria longe e adentraria mesmo aqueles corações mais endurecidos e embrutecidos pelos males da vida ou por longos anos de exercício do egoísmo profissional, que desarmasse o preconceito mais arraigado e o ódio mais “justificável”. Uma canção que tirasse as pessoas dos escritórios, das casas, das prisões, para cantar em uníssono, como um hino de paz e de esperança, e que depois de ser assim cantada em coro, todos se reconhecessem como irmãos de uma grande família. Sei que es

BEDA #3 - Em pleno século XXI

É sem dúvidas inadmissível que algumas coisas aconteçam ainda hoje, apesar de todo conhecimento acumulado acerca de nós mesmos e do mundo onde vivemos, o que, pelo menos em tese, deveria nos transformar em seres mais civilizados. Em vez disso, abominações como racismo, machismo, xenofobia, intolerância religiosa, enfim, toda essa variedade de discriminações e preconceitos ainda subsistem com força nesse início de século. Eu estou de plano acordo com todos que esbravejam contra essas atrocidades, abismados que elas existam ainda hoje. Apesar disso, cansei de ver em fóruns e debates pela internet gente usando como argumento a expressão “em pleno século XXI”, como se estar “em pleno século XXI” fosse condição única para sermos os melhores seres humanos de toda história. Cansei mesmo. Porque não faz o menor sentido para quem tem um mínimo de conhecimento de história. Esse discurso deriva, acredito, de uma interpretação equivocada da teoria da evolução de Darwin, segundo a qual

BEDA #2 - Pimpolho

Com o tempo a gente aprende muitas coisas e uma das mais importantes que aprendi é a rir de mim mesmo. A vida é dura, o caminho é árduo e o mundo hostil na maior parte do tempo, então não precisamos aumentar carga sobre nossos ombros com excesso de autocrítica e sentimentos de culpa exagerados. Erros acontecem e temos que aprender a nos perdoar para não viver pedindo desculpa por existir. Pessoas, embora pelo que escrevi até aqui possa parecer que este é um texto de autoajuda ou uma exibição de minha sabedoria adquirida ao longo dos meus vinte e poucos anos, não é. Eu só quis fazer essa breve introdução para mostrar porque não estou constrangido com o que vou lhes contar agora. OK, talvez haja até uma pontinha de constrangimento, mas nada que me impeça de rir de mim mesmo e de lhes oferecer a chance de rir junto comigo. Sem mais embromação, confesso: já toquei em banda de pagode. Para alguns nem é novidade, mas, mesmo pra esses, só agora é que serão revelados alguns dos deta

Santo BEDA

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Vocês sabiam que Beda é o nome de um Doutor e santo da igreja católica? E que além disso é venerado na nas igrejas Anglicana, Ortodoxa oriental e Luterana? O Venerável Beda (672-735) foi um escritor prolífico e gastou seu latim versando sobre diversos temas, como gramática, história, música e (claro!) teologia. É considerado o pai da história inglesa e o primeiro historiador da Europa cristã. Oi? Não sabiam? É sério? Nem eu. Na verdade eu só descobri por acaso, pesquisando sobre outro BEDA, esse do qual eu desajeitadamente estou tentando participar agora. Trata-se do Blog Every Day in April, um desafio lançado aos blogueiros de publicar um texto em todos dias de abril, como o nome diz. Eu sei que hoje já é dia 5 e eu já perdi 4 dias, o que já me faz ter perdido o desafio mesmo antes de começar. Não faz mal, pontualidade nunca foi o meu forte. Além disso, não tem um juiz ou banca julgadora pra me condenar, desclassificar ou impedir de escrever no meu próprio blog. Desse m

O mundo é um moinho (proteja seus sonhos)

Então mais uma vez é fim de ano. Mais 365 presentes foram desembrulhados por cada um de nós e aproveitados da melhor maneira. Sim, apesar de tudo, cheguei à conclusão que oferecemos ao mundo sempre aquilo que temos de melhor, agimos sempre com o melhor de nós, querendo acertar, mesmo que depois cheguemos à conclusão de que algumas de nossas escolhas foram equivocadas. E esses finais e recomeços são propícios para avaliarmos se o que fizemos está de acordo com quem somos e queremos ser, para ver o que vamos levar pela vida e o que vamos deixar no caminho. Sim, o título é uma alusão à música do Cartola "preste atenção o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos tão mesquinhos". Me peguei pensando nessas palavras porque nesse fim de ano notei o quanto fui abandonando boa parte dos meus sonhos - que nem eram mesquinhos. Sobretudo ao rever coisas que escrevi e lembrando de planos que fiz há 5 ou 10 anos. Foi triste, ver que fui deixando me deixando vergar sob o peso desse moi

A desconhecida

Há uma luz que se define ambiguamente em teu olhar. Em meu voyeurismo exasperado, escondo-me atrás das colunas que sustentam minha fortaleza e vejo-te passar nos arredores onde há um bosque virgem, de beleza que não se espelha em minh’alma, e que é fonte das suas descobertas pueris. Às vezes, abandono a segurança dos meus altos muros e vou ao bosque sozinho colher frutos, tocar as árvores, escalar para ver os filhotes nos ninhos. Nada me comove tanto, nada faz brilhar meus olhos como os seus, nas suas explorações. Pensei se você não é apenas um meu delírio esquizofrênico, alguém que só eu posso ver, parte de mim que se desgarrou por falta de espaço para se desenvolver. Um fantasma, uma fada, um anjo... quem é você? Está sempre só, sempre feliz, sempre exibindo um fulgor incondicional, quase lua, quase primavera, quase flor e quase estrela... Como consegue? Eu que sou guerra, sou pedra, gelo e espada; que corro, olhar fixo nos objetivos, desviado de qualquer coi

Se cada gota de chuva...

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Se cada gota de chuva que cai desce até o solo e nele se infiltra, alimentando raízes e chega ainda mais profundo em lençóis freáticos e, em cada poço, mata mais sede, Se cada sede que vai leva mais gente a beber águas de fontes, poços, rios, suco, cerveja, Se cada cerveja que sai do freezer ao balcão, às mesas, ao chão, Se em cada chão se cai de bêbado, de sede, de fome e depois se levanta para um novo porre, outro poço, nova ceia, Se ainda ceia houver para o faminto, Se ainda água houver para o sedento, Se ainda fome houver, para a ceia, Se ainda sede houver - mais chuva Bendita seja!

Um dia comum

Era um dia comum e Paulo voltava para casa depois de mais uma jornada de trabalho. Quarta-feira, 18h30min, início da noite. Nada mais comum que a volta para casa numa quarta-feira sem grandes acontecimentos. Paulo procurava na memória algum fato marcante, uma imagem, um diálogo, qualquer coisa que pudesse fazer daquela quarta-feira comum um dia diferente. Nem bom, nem ruim; diferente já bastava. Sabia que quando chegasse em casa, sua esposa estaria lhe esperando com um belo sorriso e com aqueles seus braços acolhedores. Sabia também que entre a sua chegada e a hora de dormir, ela lhe contaria as histórias do seu dia e lhe perguntaria o que aconteceu no dele. E ela sempre tinha histórias para contar; algum novo conhecido, alguma discussão, alguma coisa que viu na rua. Já ele muitas vezes se saia da obrigação de ter algo interessante para contar dizendo que teve um dia comum, nada de novo. No fundo, gostava da idéia de ter alguém para quem contar o seu dia. No fundo. Mas Paulo não er

É tão fácil de amar...

É tão fácil te amar que eu me recuso mesmo sem motivo óbvio, infame ou escuso. Se quero amar o belo de beleza te compuseram: tua tez clara e límpida, teus olhos castanho-claro tua boca, linda boca linda face que não me canso de contemplar a ponto de te provocar a tua timidez quando me dizes, assim, envergonhada: - Que foi? Foi que não posso passar a vida sem que ao acordar eu possa pousar-te nas maçãs os lábios e te dizer “bom dia”, ou antes do sono, “boa noite”; boa vida é a minha por estares aqui e eu poder contemplar-te a cândida face, dia e noite, e saber que ela estará ainda amanhã e depois e sempre, até que sabe-se lá qual infortúnio nos separe - a morte, quero crer. Canto assim toda tua beleza pela face, que teu corpo e tuas curvas, guardo-me de cantar em público; basta que saibam que amo tua beleza. Caso cismasse de não amar-te a beleza, como não amar tua fragilidade tão feminina, teu jeito de abandonar-se assim nos meus braços, depois de ter enfrentado o mundo lá de fora com s

Nada a declarar

Cada vez que eu sento aqui para tentar escrever alguma coisa, fico pensando em como posso dizer algo de útil para a humanidade. Sim, para a humanidade! Eu poderia me contentar em escrever bobeiras para meus amigos, ou até textos bonitinhos cheios de frases repetidas sabe-se lá quantas vezes ao longo dos séculos e que hoje se convencionou chamar de auto-ajuda. E me sairia bem nessa área, modéstia à parte. Lembro de na adolescência ser um conselheiro e tanto para os amigos que vinham pedir uma opinião. Mas meus interesses mudaram bastante de lá pra cá e auto-ajuda deixou de figurar entre os mais importantes. Entre esses interesses atuais está a política, mas não dou para e nem tenho vontade de ser comentarista político. Adoro futebol e provavelmente escreveria melhor sobre que muita gente aí da grande mídia - que ganha pra dizer o que todo mundo já sabe - mas também não me interesso por comentários esportivos. Poemas já não escrevo. Ficção, tenho preguiça (confessei! E, sim,

Sono estelar

A solidão inundou os aposentos da sua pequena casa com mais força que teria uma torrente de água vinda de alguma represa que tivesse ido abaixo. Por todos os cantos havia um quê de ausência e ele nem sabia de que. Quem sabe haveria jeito de substituir a ausência por alguma outra coisa; bastava saber que coisa era aquela que tanto faltava. E o que faltava? Ainda há pouco os amigos estavam aí e eles jogavam baralho, conversavam sobre futebol, mulheres, contavam piadas, causos, pareciam tão alegres, tão animados, tão divertidos! Agora todos estavam em suas casas, alguns com suas mulheres e filhos, outros com os pais, mas ele estava ali, com os seus móveis, a televisão e a geladeira ainda com algumas latinhas de cerveja bem gelada. E aquela ausência descabida de sabe-se lá o que. Por mais que já houvesse se acostumado a senti-lo, aquele vazio era atordoante como uma febre surgida do nada, sem dar pistas da sua causa, e essa em especial, era de deixar acamado. Fosse ao hospital, t

Sobre coisinhas estranhas da minha vida

A primeira coisinha estranha que anda mexendo com a minha curiosidade tem a ver com esse tão amado e ao mesmo tempo tão desprezado blog; ocorre que justamente agora que eu menos escrevo nele, houve um salto gigantesco no número de visitantes. Certamente leitores desavisados trazidos a ele pelo google - o porque é que ainda não consegui sequer supor. Tudo bem que alguns cheguem aqui querendo saber o que significa "drástica'', palavra que eu usei no título de um post anos atrás e que o google por algum mistério da informática coloca o link para ele como segunda opção (sim, eu fiz o teste!). Mas por que cargas d'água a maioria dos visitantes recentes desse blog vem dos Estados Unidos? É certo também que tempos atrás eu escrevi outro post com o título "Slow life", mas não imagino o povo americano tão interessado por este tema. Será que estou enganado? Se alguém tiver uma sugestão a respeito, diga-a por favor. Bem, relatado o mistério referente às visitas a e

Além do que se vê

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  “ Mas se eu lhe disser quem sou, você pode não gostar de quem sou, e isso é tudo o que tenho.” (John Powel)   “Só se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos.” (Antoine de Saint-Exupéry) Eu dou asas a minha imaginação desde que me entendo por gente. Na minha infância, não fizeram falta os videogames; se pudesse voltar atrás, escolheria novamente meus bonequinhos e as histórias que criava com eles. Quer coisa mais versátil? Eles tanto poderiam ser personagens de uma história de aventura, de guerra, como de uma partida de futebol. Já na adolescência, fui um rapazote tímido, introvertido, e minha companhia continuava sendo, em boa parte do tempo, as histórias criadas pela minha mente. Só nelas eu tinha coragem de falar com as menininhas de quem gostava, ou me vingar dos moleques que me enchiam a paciência. Não raro, sou mal compreendido pelas pessoas enquanto converso, pois quando ouço uma história qualquer, tenho o hábito de olhar um ponto fixo sem ver, já que minha